A obesidade é uma doença multifatorial e, por isso, são várias as causas do aumento de sua prevalência. Há questões genéticas envolvidas, questões sociais, algumas doenças raras podem cursar com obesidade, assim como o uso de alguns medicamentos, mas sem dúvida que questões comportamentais são a principal causa do aumento da obesidade no Brasil.

O ganho de peso acontece quando há uma ingestão calórica maior que o gasto, fazendo com que o organismo armazene o excesso de energia na forma de gordura. Na maioria dos casos, o ganho excessivo de peso acontece por erros alimentares e sedentarismo. O excesso de alimentos e a má qualidade alimentar podem provocar ganho de peso.

A maior parte da população tem uma vida bastante atribulada, e essa “correria” do dia-a-dia pode acabar favorecendo escolhas mais práticas na hora de se alimentar, o que, em grande parte das vezes, não assegura uma boa qualidade alimentar. Alimentos industrializados tendem a ser menos nutritivos, com mais aditivos e mais calorias. São práticos para os pais, mas nada saudáveis para os filhos.

Além disso, os alimentos ultraprocessados tendem a mudar o paladar das crianças. Crianças que passam a se alimentar de biscoitos recheados acabam achando o gosto das frutas (alimentos naturais) sem graça, por exemplo. Alimentos ultraprocessados costumam ser ricos em carboidratos e gorduras, com menor teor de proteínas, e tendem a ser mais baratos. Por isso, estamos vendo um crescimento da obesidade na faixa mais pobre da população. Mas praticidade e preço, infelizmente, nem sempre combinam com saúde.

A projeção divulgada em 01 de março de 2024 no Atlas Mundial da Obesidade feito pela Federação Mundial da Obesidade (WOF) é de que em 2035, cerca de metade da população brasileira de crianças e adolescentes esteja acima do peso, ou seja, com sobrepeso ou obesidade. É um dado alarmante.

Crianças e adolescentes com obesidade têm maior risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2, que é uma doença que costuma acometer mais adultos. Com o aumento da obesidade infanto-juvenil, temos visto um aumento deste tipo de diabetes também entre adolescentes. E quando o diabetes aparece nessa faixa etária, costuma ser mais grave, evoluir com mais complicações. Crianças e adolescentes acima do peso têm maior risco de serem adultos com obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares.

É importante buscar ajuda profissional para tratar a obesidade. Hábitos de vida saudáveis, com alimentação natural e atividade física, menos tempo de tela e mais tempo ao ar livre, devem ser estimulados e são úteis tanto para prevenção quanto como parte do tratamento.

Escrito por: Dra. Bruna Coelho – Endocrinologista.