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FELÍCIO ROCHO
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome complexa, com múltiplas causas, e ocorre quando o coração não consegue bombear o sangue adequadamente para o corpo. Diante disso, ocorre um déficit de fornecimento de oxigênio e nutrientes pelo sangue, reduzindo a capacidade de eliminar resíduos e acúmulo de líquido em vários órgãos. A pessoa vai se tornando progressivamente cansada, fatigada e edemaciada.
A causa mais comum de IC, no mundo inteiro, é doença coronária, seguida de outras causas, tais como: hipertensão arterial, doença de Chagas, cardiomiopatias (doença primária do músculo cardíaco), doença nas valvas cardíacas, doenças genéticas, arritmias, entre outras causas menos comuns.
A IC é uma síndrome de alta mortalidade. É a quinta doença mais letal da medicina. Além de grave, a IC é uma doença muito prevalente: acomete 60 milhões de pessoas ao redor do mundo; é a causa número 1 de hospitalização em pessoas com 65 anos ou mais, sendo que 24% dos pacientes vão se reospitalizar em 30 dias; geralmente, os pacientes com IC tem uma ou mais comorbidades (diabetes, hipertensão arterial, doença renal, arritmias, obesidade, etc.), o que ajuda a piorar o prognóstico.
A hospitalização é um desafio. Mais de 1 milhão de pessoas, por ano, se hospitalizam por IC nos EUA e Europa. No Brasil, dentre as hospitalizações por doenças cardiovasculares, a IC representa 39%, estando 70% dos pacientes acima de 60 anos. A hospitalização é um fator prognóstico: 50% vão reospitalizar em um ano e 35% vão morrer em um ano.

PASSADO, PRESENTE E FUTURO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
À medida que avançam os conhecimentos da Ciência básica, estes vão sendo aplicados na clínica. Antes de 1980, tratava-se a IC com digital e diurético, e os pacientes caminhavam inexoravelmente para a morte.
Na década de 80, começaram a surgir novos tratamentos medicamentosos que foram aumentando progressivamente. Também nessa época, teve início o período moderno do transplante de coração.
Hoje, nós assistimos 30 anos de sucesso do tratamento dessa doença, com várias drogas fundamentais e dispositivos que melhoram os sintomas e aumentam a sobrevida dos pacientes.
Entretanto, mesmo com todo o arsenal terapêutico atual, uma percentagem de pacientes evolui para a forma avançada e refratária da doença. Nesse caso, o transplante de coração constitui o tratamento estabelecido. Os pacientes refratários precisam ser identificados e encaminhados para os Centros de Referência em insuficiência cardíaca e transplante, para avaliação de terapias avançadas, tais como o transplante.
Em 03 de dezembro de 1967, Dr Christiaan Barnard realizou, de forma pioneira, na Cidade do Cabo, África do Sul, o primeiro transplante de coração no mundo.
No dia 26 de maio de 1968, o Dr Euryclides de Jesus Zerbini realizou no INCOR, em São Paulo, o primeiro transplante cardíaco no Brasil. Infelizmente, nessa época, denominada período histórico do transplante, os resultados não foram bons e o procedimento foi praticamente interrompido no mundo.
Com o advento de novos medicamentos imunossupressores, avanços do conhecimento e das técnicas na área da transplantação, na década de 80, teve início o período moderno do transplante, com resultados progressivamente melhores.
Em 2019, mais de 130.000 pacientes já tinham sido transplantados ao redor do mundo. A sobrevida vem melhorando, atingindo 80% no primeiro ano e 75% em 5 anos pós transplante.
O Brasil já fez mais de 6.000 transplantes de coração. Em Minas Gerais, nós fazemos atualmente cerca de 18% dos transplantes cardíacos do país. O Brasil realizou 356 transplantes cardíacos em 2022, 64 deles em MG.
No dia 27 de abril de 1986, o Dr. Carlos Camilo Smith Figueroa realizou, no Hospital Felício Rocho, de forma pioneira, o transplante da primeira mulher brasileira submetida ao transplante cardíaco no Brasil. Ela viveu 17 anos com o coração transplantado.
Além de pioneiro, o Hospital Felício Rocho vem realizando transplantes de coração desde então, assim como de vários outros órgãos.
Um exemplo desse pioneirismo e sustentabilidade pode ser demonstrado pelo paciente que encontra- se em acompanhamento desde que teve seu transplante realizado no hospital Felicio Rocho pelo Dr. Carlos Camilo Smith Figueroa, em 15 de agosto 1988, sendo assim 35 anos vivendo com o coração transplantado. Um verdadeiro milagre da vida, que pode servir de incentivo à doação de órgãos, sem os quais, sem esse gesto de solidariedade humana, não seria possível salvar essas vidas.
Referência Técnica: Maria da Consolação Vieira Moreira - Profa. Titular Aposentada da Universidade Federal de Minas Gerais; Coordenadora e Responsável Técnico do Programa de Transplante Cardíaco do Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG; Membro da Câmara Técnica Nacional de Transplante de Coração, Sistema Nacional de Transplantes, Ministério da Saúde.
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